domingo, 22 de julho de 2007

"Saúde Física e Mental no Trabalho do Profissional do Direito"

Dra Hilda Alevato recebe homenagem do Dr. Flávio Rodrigues Godinho, Conselheiro do IGT, por sua palestra "Saúde Física e Mental no Trabalho do Profissional do Direito", no 14o. Congresso Goiano de Direito do Trabalho e Processo do Trabalho.

Avaliação dos Estressores do Ambiente de Trabalho



Dra Hilda Alevato

Pesquisas internacionais validadas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) não abrem espaço para hesitações: a maior causa de acidentes e doenças do trabalho no mundo contemporâneo é o estresse. A atenção corporativa aos estressores mais nocivos à saúde de seus profissionais é, portanto, uma decisão não apenas acertada, mas urgente. A validade do estudo sobre o estresse no trabalho, assim como dos estudos sobre a relação entre a experiência laboral e a emergência de distúrbios psíquicos, transtornos mentais, comportamentais e outros, porém, freqüentemente é questionada pela própria complexidade da tarefa de associar tais manifestações e sintomas ao exercício profissional do sujeito. Sem dúvida, os modelos de investigação mais conhecidos no campo da Saúde e Segurança no Trabalho têm se valido de antigos paradigmas que se prendem às características dos riscos físicos, químicos e biológicos. No entanto, se é possível não divergir da relação entre um operário ferido pela queda de um tijolo e os riscos físicos na construção civil, por exemplo, o mesmo não pode ser dito da relação entre um cotidiano permeado de pressões por prazos e metas e a hipertensão arterial diagnosticada em alguém. Nesse caso, é óbvio, não se trata de um agente externo (tijolo) produzindo um risco (queda) e sua conseqüência (ferimento). Os novos cenários exigem inovação de métodos e técnicas de investigação, prevenção e intervenção, de modo a incluir também a dimensão sociodinâmica do trabalho. De uma maneira geral, o foco das iniciativas empresariais acaba se dirigindo exclusivamente aos sintomas, sem deter os riscos. O trabalho que a equipe NEST/LATEC/UFF vem desenvolvendo – uma metodologia complementar à análise de riscos – representa ganhos para a qualidade de vida e melhorias para o desempenho geral, inclusive nos processos de reinserção de empregados afastados, por evitar submetê-los às mesmas condições que motivaram seu adoecimento. Nesse contexto, o estudo contempla a indiscutível subjetividade embutida na percepção particular do sofrimento e sua suportabilidade, sem descuidar da necessária objetividade científica na investigação da potencialidade da ameaça estressora em determinado ambiente laboral. Para tanto, utiliza-se do entrecruzamento de diferentes fontes de dados, através de um método próprio, a “Cartografia dos Estressores”. Seu objetivo é o levantamento de evidências da presença e da nocividade dos estressores, analisados em seu próprio contexto, a partir de um diálogo científico e artesanal, por assim dizer, entre diferentes técnicas. Os resultados expressam-se através de 3 indicadores da potência dos estressores em relação aos agravos à saúde: grave, moderada ou não-evidente, com base na “Taxonomia dos Estressores”[1], também desenvolvida pela equipe. Diante da complexidade do cenário laboral contemporâneo, o melhor caminho para construir um novo paradigma em termos de Saúde e Segurança no Trabalho é uma leitura transversalizada e fractal. Essa modalidade de investigação busca apoio nas vivências intersubjetivas registradas através de entrevistas, análises estético-proxêmicas nos ambientes de trabalho, indicadores de desempenho, estudos da cultura e da ambiência organizacional, dados de absenteísmo, adoecimento e outros. Foi aplicada a um universo de mais de 2000 sujeitos em 2006, gerando uma base de dados que vem servindo ao aprimoramento do método e de suas ferramentas de aplicação.


[1] Trabalho da Dra. Hilda Alevato, vencedor do Prêmio Paul Rosch, na categoria melhor trabalho acadêmico e profissional de 2004, no IV Congresso Internacional de Stress da International Stress Management Association (www.ismabrasil.com.br).








Programas de Qualidade de Vida no Trabalho: um olhar sobre seus benefícios para as empresas e para os colaboradores.

A preocupação com a qualidade de vida é um fator em ascensão no âmbito organizacional. Inúmeros fatores externos (doenças e adversidades) permeiam o trabalho das pessoas.
Os programas de qualidade de vida podem ser de vital importância para o desenvolvimento pessoal e profissional de seus colaboradores, bem como com o desenvolvimento eficaz das organizações.
Neste sentido, este estudo objetivou identificar quais são as ações praticadas pelas organizações nos programas de qualidade de vida, e quais os benefícios diretos e indiretos aos colaboradores e às próprias organizações.
Este estudo caracteriza-se por uma pesquisa descritiva, utilizando-se de método exploratório e com característica transversal, visando determinar as práticas presentes e as opiniões da população estudada. A população foi composta por profissionais de organizações públicas e privadas do Brasil, formada por gerentes e diretores das áreas de: Recursos Humanos, Treinamento, Diretoria Administrativa e Departamento Pessoal, sendo as organizações associadas à Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) .
A amostra foi composta por 1.250 organizações em todo o Brasil que responderam o questionário, enviado em formato eletrônico, conforme orientação, sendo que depois de aplicados os critérios de exclusão o número final de questionários tabulados devidamente preenchidos foi de 1.000 (mil).
O ramo de atividade predominante foi o de Serviços (57,3%), seguido pela Indústria (34,1%). Das organizações que não possuem programas de qualidade de vida, 97% acreditam que os programas de qualidade de vida no trabalho são importantes ou muito importantes, porém, 41% ainda não aplicam.
Quando questionados sobre os benefícios dos programas, 98% das organizações acreditam nos benefícios para o colaborador e para a empresa.
Com relação aos motivos da não implantação, 56,8% não implantam programas de qualidade de vida por motivos culturais da organização, e 40,7% não implantam esses programas por terem custos elevados. Quando questionados sobre o tipo de ações: 73,8% das organizações têm ações voltadas à ergonomia, 66,4% têm a atividade física implantada, e a gestão do estresse é praticada em 33,7% das organizações pesquisadas. Com relação ao tipo de atividade física oferecido, a ginástica laboral acontece em 57,7% das organizações pesquisadas e 39,3% das organizações tem programas relacionados a jogos esportivos e recreativos. O foco da implantação dos programas de qualidade de vida teve como principais respostas: 71,8% integração, 57,1% aumento da produtividade, 50,1% redução de acidentes de trabalho, e 44,5% estão focados na redução do absenteísmo. Para 83,5% dos entrevistados, a satisfação do colaborador é um dos principais benefícios para a organização.
Já para os colaboradores, dentre os principais benefícios está a motivação com 77,7%, porém, logo em seguida a prevenção de doenças que pode ser um fator importantíssimo na redução do absenteísmo. Os retornos financeiros dos programas de qualidade de vida são mensurados em 63,8% das organizações. Das organizações que avaliam quantitativamente esses programas, 58,8% utilizam a diminuição do absenteísmo como fator de avaliação, 52,2% utilizam a avaliação do desempenho diário dos colaboradores e 47,7% avaliam o custo-benefício.
O estudo nos traz indicadores de que é necessária a apresentação de diferenciais em seus serviços e investimento no capital humano para um bom andamento do negócio. Diversas ações são implantadas nas empresas como programas de qualidade de vida no trabalho. Dentre estas ações, destacamos: preocupação com a postura (ergonomia), atividades físicas, programas de lazer, programas antitabagismo, orientação nutricional e gestão do estresse.
Este estudo sugere que as organizações estão progressivamente se conscientizando da importância do lado humano na gestão empresarial e da importância da implantação de ções de qualidade de vida.

Fonte: Alexandre Slivnik Cozzo e Daniele Barrionuevo Kallas Batista, portal ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida)

Brasil no topo da lista de acidentes de trabalho


São Paulo/SP - Trabalhar no Brasil é correr riscos, principalmente contra a integridade física. O nosso país é um dos campeões mundiais de acidentes de trabalho, com cerca de 500 mil casos anuais oficiais, conforme estatísticas do Ministério da Previdência. No Rio Grande do Sul são mais de 43 mil casos anuais. De acordo com o advogado trabalhista e coordenador do curso de Direito do campus Canoas, Maurício de Carvalho Góes, a diminuição das ocorrências passa pelo melhor entendimento da lei por parte de empregados e empregadores. A Ulbra deve promover em breve palestras de orientação a estudantes e trabalhadores sobre os aspectos legais dos acidentes de trabalho.

Estima-se que o número possa ser três vezes maior (hum milhão e meio de casos), levando-se em conta as ocorrências não-contabilizadas. Muitos trabalhadores e empresas não têm conhecimento da lei e por isso não dão o devido tratamento legal quando da ocorrência de acidentes. "Atualmente, a Justiça do Trabalho é o órgão competente para apreciar e julgar, não só as ações decorrentes do infortúnio laboral, mas também as ações que visam reparar eventuais danos materiais e morais oriundos do acidente e da responsabilidade civil do empregador", informa o professor Maurício. Segundo ele, em alguns aspectos os juízes têm entendimentos divergentes, tais como o prazo para ajuizamento da ação, a ação movida por sucessores, a prova, a quantificação e a extensão do dano e o procedimento processual a ser adotado.

A negligência de algumas empresas (que não garantem a segurança do funcionário) pode ampliar a despesa com acidentes de trabalho, que está próxima dos R$ 32,8 bilhões por ano, às custas do INSS. "Cada vez mais é importante que as questões polêmicas sejam debatidas para esclarecer o trabalhador, não só dos seus direitos, mas também de que forma eles são aplicados e implementados pelo Poder Judiciário", complementa Maurício. A saúde do trabalhador significa qualidade de vida para o indivíduo e ausência de ônus para a empresa e a Previdência Social.

Fonte: Administradores.Com - 11/7/2007


OMS coloca o estresse ocupacional como um fator social


Estudos da OMS chamam a atenção dos países emergentes para o estresse no local de trabalho e a influência dos fatores sociais na vida dos trabalhadores

Estudos da Organização Mundial da Saúde referentes aos anos de 2005 e 2003 revelam que os problemas relacionados ao estresse ocupacional estão associados às constantes mudanças sociais, como, por exemplo, a globalização, o aumento da economia informal e as mudanças que ocorrem no ambiente de trabalho.
O estresse ocupacional é definido como a soma de respostas físicas e mentais, ou ainda, reações fisiológicas, que, quando intensificadas, transformam-se em reações emocionais negativas. Ele aumenta consideravelmente o número de trabalhadores afastados e reflete na vida das organizações, seja em perda de produtividade, seja na diminuição da qualidade dos produtos e serviços prestados.
A globalização, como parte de um processo de mudanças sociais, traz consigo novas reformas econômicas e sociais, as quais exigem dos trabalhadores e das organizações, adaptações e reorientações quanto ao sistema de saúde ocupacional.
De acordo com o estudo, os principais problemas relacionados à globalização incluem o desemprego, as condições de trabalho precárias devido às novas relações industriais e a crescente ausência de prioridade de aspectos sociais em várias partes do mundo.
O estudo, ao citar o aumento na economia informal dos países em desenvolvimento, ressalta a importância da realização de pesquisas detalhadas com o objetivo de analisar as diferenças culturais e comportamentais, que variam de país para país.
Uma outra observação apontada pela OMS refere-se ao foco das iniciativas organizacionais. Estas, normalmente, consideram somente aspectos preventivos em saúde e segurança, como a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos, e não levam em conta os riscos psicossociais. Este tipo de risco é negligenciado e insuficientemente compreendido por pertencer ao contexto dos países em desenvolvimento.
Outro aspecto apontado no estudo está voltado para a divisão entre as condições de trabalho e o ambiente de trabalho, que faz com que os riscos psicossociais sejam difíceis de serem identificados pelos profissionais da área de SST. Além disso, a ausência de políticas de desenvolvimento que considerem este tipo de risco no ambiente de trabalho torna mais difícil a implementação de práticas efetivas de controle e a elaboração de estratégias para tal questão, por parte das empresas.
Outros fatores que limitam as empresas de detectarem as causas que levam trabalhadores ao estresse ocupacional são relacionados ao ambiente externo de trabalho e incluem as desigualdades entre homens e mulheres, baixa participação e envolvimento de cidadãos nas questões sociais, além da gestão precária de saneamento básico.
Tais aspectos sociais influenciam na percepção individual e, com isso, modificam a maneira das pessoas reagirem ao que pode ser considerada “boa” ou “má” condição de trabalho. Um exemplo pode ser observado quando o trabalhador se submete a comportamentos autoritários de empregadores e gestores e a condições precárias de trabalho para garantir seu emprego.
O estudo conclui, ainda, que, nos países emergentes, a maior parte da força de trabalho é terceirizada e concentra-se nas empresas pequenas e familiares, que, por sua vez, estão na economia informal.
Além disso, a ausência de infra-estrutura, de recursos, de disponibilização de informações, a precariedade na cobertura dos serviços em saúde e saúde ocupacional, são fatores que acometem e levam milhões de trabalhadores ao chamado estresse ocupacional.
Números que estressam
A OMS estima que, no mundo, de 5 a 10 por cento dos trabalhadores dos países em desenvolvimento, têm acesso aos serviços de saúde ocupacional, enquanto nos países de primeiro mundo, de 20 a 50 por cento dos trabalhadores possuem esse acesso.
De acordo com a organização, dois milhões e quatrocentas mil pessoas vivem e trabalham em países subdesenvolvidos, o que representa 75 por cento da força mundial de trabalho. A taxa de exposição de trabalhadores submetidos à exposição de risco no local de trabalho em países em desenvolvimento atinge de 20 a 50 por cento.
Enquanto isto, nos países industrializados, mais de 80 por cento da força de trabalho estão nas médias e pequenas empresas e 50 por cento dos trabalhadores, segundo a OMS, julgam o trabalho como algo “mentalmente estressante”.
Com base em tudo isto, a cada ano existem 120 milhões de acidentes ocupacionais com 200 mil fatalidades, e de 68 a 157 milhões de doenças existentes no local de trabalho. Condições precárias de saúde ocupacional e capacidade reduzida de trabalhadores causam perda econômica de 10 a 20 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) de um país em desenvolvimento.
A OMS disponibiliza, em inglês, o documento para leitura intitulado “Global Strategy on Occupational Health for All”, em www.who.int/occupational_health/en/oehstrategy.pdf.
Nele, estão informações voltadas a compreender como as novas tendências da economia global, os problemas sociais e ocupacionais emergentes e o empoderamento da sociedade, contribuem para ações efetivas no ambiente de trabalho.
A urgência em mudanças
Na América Latina, por exemplo, o estresse ocupacional é presente e reconhecido como sendo uma das maiores epidemias da vida moderna. Ao mesmo tempo, muitos profissionais de SST acreditam que o estresse ocupacional está associado às condições ergonômicas de trabalho e ao conforto.
Com esta idéia, o foco dos regulamentos continua sendo trabalhado nas questões físicas, químicas e de exposição, ao estabelecerem condições que julgam ser seguras quanto aos riscos de acidentes. Outros aspectos que dificultam a implementação de regulamentos mais efetivos estão nos longos turnos e na insegurança no trabalho.
Isto significa que, a maior parte dos regulamentos elaborados aos trabalhadores representam a adoção de limites de exposição no modelo tradicional de saúde ocupacional, sem levar em consideração os aspectos psicossociais.
Conseqüências para os trabalhadores
Se as causas apontadas no estudo mostram que o estresse ocupacional resulta da interação entre trabalhadores e as condições de trabalho, por outro lado, o estudo aponta que devem ser levadas em consideração os aspectos individuais, tais como, a personalidade, idade, educação, experiência e estilo de vida.
Considerar os aspectos e as diferenças individuais demandam estratégias complementares de prevenção que foquem o indivíduo e promovam formas de prevenção.
Algumas respostas individuais, tais como as fisiológicas, estão normalmente associadas a fatores externos, podendo resultar em aumento da pressão arterial, infarto do miocárdio, aumento da tensão muscular, suor excessivo, entre outros.
Entretanto, de acordo com o estudo, as reações emocionais e os aspectos cognitivos devem ser também levados em consideração ao analisar a reação de indivíduos. As reações emocionais são aquelas que desencadeiam o medo, a irritação, a alteração no humor, ansiedade e falta de motivação, enquanto os aspectos cognitivos estão associados à diminuição da atenção, mudança de percepção, esquecimento, diminuição na capacidade de aprendizado, entre outros.
Ao considerar de grande importância todos estes aspectos individuais, o estudo da OMS ainda observa que os fatores comportamentais (aqueles associados à diminuição da produtividade, aumento excessivo no consumo de cigarros, erros freqüentes e ausência no trabalho por motivos de doença) contribuem para o aumento do estresse.
O estresse feminino
O estudo da OMS revela ainda que, tanto em países emergentes como nos países desenvolvidos, as mulheres no ambiente de trabalho geralmente apresentam maior estresse se comparadas aos homens.
As razões que explicam esta mudança de comportamento são a dupla jornada de trabalho que exige das mulheres a responsabilidade no lar e no local de trabalho, o assédio sexual, seguido de discriminação quanto às diferenças de renda e pressões exercidas no ambiente profissional.
Ainda de acordo com o estudo, os países emergentes, em particular a América Latina e a Ásia, empregam mulheres em escritórios e fábricas, ambos caracterizados como fonte de estresse.
Em uma estimativa global, a OMS aponta a mulher, como contribuinte indispensável nas economias nacionais, representando, ao redor do mundo, 42 por cento da força de trabalho.
A violência doméstica também expõe a mulher como um fator condicionante ao estresse ocupacional, conforme mostra o estudo.
Gestão do estresse
Outro estudo voltado para a gestão de riscos no ambiente de trabalho que leva em conta os aspectos psicossociais foi realizado pelo órgão regulador Britânico, Health and Safety Executive (HSE), em maio de 2007.
O documento, com 126 páginas, analisa desde a atuação de gestores no local de trabalho e sua contribuição no cotidiano dos trabalhadores, até o mapeamento da prevenção de riscos para a redução do estresse ocupacional.
Outros aspectos como a detecção dos sinais do problema, medidas de ação, análise dos fatores de risco, plano de ação, implementação do plano de ação e avaliação da intervenção, surgem como indicadores para a gestão do estresse ocupacional e auxílio aos especialistas da área de SST.
O estudo (todo em inglês), está disponível para download em www.hse.gov.uk/research/rrhtm/rr553.htm.
Fonte: Alexandra Rinaldi, portal Fundacentro

domingo, 15 de julho de 2007

Equipe do NEST no VII Congresso de Stress da Isma-BR

Trabalho, Stress e Saúde: gerenciamento eficaz – da teoria à ação

O VII Congresso de Stress da ISMA-BR e IX Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho ocorreu de 26 a 28/06/2007 no Centro de Eventos Plaza São Rafael, em Porto Alegre/RS e contou com a presença de vários pesquisadores nacionais e internacionais.


Geórgia Vicente e Diana Bandeira, membros do NEST


Na oportunidade, membros da equipe NEST apresentaram pôster sobre as mais recentes pesquisas e ferramentas desenvolvidas no Núcleo.

sábado, 14 de julho de 2007

Alívio para o estresse



Hotel na Espanha convoca voluntários estressados para demolição

Capacete, óculos e martelo em punho - não é bem o que se espera dos hóspedes de um hotel. Mas este também não é um hotel normal, e ela não é uma hóspede corriqueira.

A gerente de créditos Maria foi autorizada a destruir um quarto de hotel nesta competição que pretende premiar o trabalhador mais estressado da Espanha.

Segundo ela, a experiência é incrível, comparável a pular de pára-quedas ou a bungy jumping.

Os proprietários deste hotel da rede NH selecionaram as 40 pessoas mais estressadas de uma lista com milhares de voluntários para derrubar as paredes do prédio, para o início da reforma do hotel. Entre eles estava Pablo, um professor argentino.

Para ele, está sendo ótimo poder fazer aqui o que não é possível fazer na sala de aula.

E isso deve ser um alívio para os alunos e os diretores do colégio em que ele ensina.

Enquanto isso, nas salas ao lado, outros voluntários estressados extravasam sua raiva e ansiedade. Aqui, em vez de subir pelas paredes, os estressados podem botar as paredes no chão.

Fonte: UOL News, Agência Reuters, 03/07/2007

Congresso discute prevenção de acidentes de trabalho na América Latina




Na abertura do X Congresso Interamericano de Prevenção de Riscos do Trabalho, no dia 27 de junho, em Boca Chica, na República Dominicana, os especialistas apresentaram dados e analisaram a situação dos trabalhadores na América Latina. Segundo o consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e dirigente do Instituto Guatemalteco de Seguridade Social, Edin Pop, são graves os problemas de saúde e segurança do trabalho na região.

Em uma População Economicamente Ativa (PEA) de 219 milhões de trabalhadores, foram registrados, em 2005, 30 milhões de acidentes de trabalho que resultaram em 39.400 mortes. De acordo com Pop, além das tragédias familiares, esses acidentes provocaram uma perda média de 10% do PIB regional.

Para o engenheiro do Instituto Mexicano de Seguridade Social e secretário técnico da Comissão Americana de Prevenção de Riscos do Trabalho (CAPRT), Rodolfo Arias, as condições de saúde e segurança dos trabalhadores na América Latina pioraram nos últimos anos e geraram um quadro crítico. “No México, a cada dia, três trabalhadores não regressam a suas casas”, disse Arias.

Neste Congresso, que é o primeiro a discutir os riscos do trabalho após quinze anos, especialistas de quinze países das Américas vão analisar as estatísticas e propor políticas públicas de prevenção. "O principal objetivo do Congresso é discutir as condições, prevenção, segurança e saúde dos trabalhadores das Américas e buscar estratégias conjuntas no desenvolvimento de políticas futuras das instituições de seguridade social para a melhoria da qualidade de vida e saúde dos trabalhadores”, afirmou o secretário de Políticas de Previdência Social do Brasil, Helmut Schwarzer, presidente da Comissão Americana de Prevenção de Riscos do Trabalho (CAPRT), que promove o Congresso. A comissão faz parte da Conferência Interamericana de Seguridade Social (CISS), com sede no México.

Sindicatos precisam ter papel pró-ativo em SST - Na conferência que tratou das “Perspectivas da Participação dos Trabalhadores na Seguridade e Saúde do Trabalho na América Latina”, a expositora Valentina Forastieri, especialista em saúde ocupacional da OIT, apresentou o estudo “Perfil Subregional da Participação Sindical e de Trabalhadores em SST na América Central e Caribe Hispânico”.

Na região existem 43 milhões de habitantes, uma PEA de 16 milhões de pessoas, elevadainformalidade e uma baixa cobertura da seguridade social - não superior a 20%. Na avaliação de Forastieri, os sindicatos de trabalhadores centroamericanos têm tido uma escassa participação nas discussões de saúde e segurança do trabalho, sendo que poucos sindicatos colocam a SST no topo da sua agenda de prioridades. “Os poucos casos de convênios coletivos de trabalho existentes não avançam sobre o que está previsto em termos de SST nas legislações nacionais”, diz Valentina. A participação mais ativa de trabalhadores no debate seria fundamental, conforme a OIT, para a implementação do conceito de “Trabalho Decente”.

Notificação Deficiente - Edin Pop disse ainda, durante a conferência “Critérios para Unificar a Notificação e Registro de Acidentes e Doenças do Trabalho na América Latina”, que os sistemas de notificação de acidentes de trabalho na América Latina são deficientes. Isto porque, cobrem somente o setor formal da economia e não são orientados para a geração de políticas de prevenção de futuros acidentes. Segundo Pop, não chega a 5% o número de acidentes e, principalmente, doenças ocupacionais notificadas na América Latina. “Uma conseqüência grave é que a invisibilidade dos acidentes de trabalho dificulta que sua prevenção seja priorizada politicamente”, afirmou o especialista guatemalteco.

A OIT, por intermédio de Pop, está apoiando Honduras, Costa Rica, a República Dominicana e o Chile a mudar o modelo de coleta e apresentação de dados sobre acidentes de trabalho ocorridos. No novo modelo, construído sobre o Protocolo 155 (2002) da OIT, um software gera dados para os empregadores que relatam acidentes, com o objetivo de facilitar a análise do acidente ocorrido e a montagem de propostas de prevenção de acidentes na sua empresa.

Doenças Ocupacionais - Na conferência “Comparação Internacional de Listas de Doenças Ocupacionais”, Francisco Díaz Mérida, da Caja de Seguro Social (CSS, Panamá), demonstrou a grande variedade de conceitos utilizados na América Latina para definir quais doenças são ocupacionais. Há permanentemente mudanças nestas listas, na medida em que a tecnologia e o conhecimento mudam. Houve consenso no público de que as listas de doenças ocupacionais previstas em legislação nacional devem ser atualizadas com freqüência e que esta é uma das fragilidades que os países latino-americanos apresentam hoje. Foi discutida a utilidade das listas de referência da OIT e da União Européia para efetuar esta atualização, mas a conclusão foi que cada país precisa fazer o esforço de construir sua própria lista, de acordo com sua realidade local.

Problemas e perspectivas - Nos Estados Unidos, segundo os dados da Occupational Safety and Health Administration (OSHA), 95% dos acidentes são causados por comportamentos inseguros. Para o engenheiro Jorge Elvira, do International Safety Council (EUA), que falou no painel “Problemas e Perspectivas da Prevenção de Acidentes de Trabalho na América Latina”, os fatores que contribuem para os erros humanos são os atos involuntários, causados por falta de conhecimento e habilidade, e as infrações voluntárias. Em sua opinião, os erros e infrações ocorrem por pressa na execução das tarefas, cansaço, descaso e frustrações.

O engenheiro Rodolfo Arias, estimou, no mesmo painel, que até 10% dos trabalhadores em países em desenvolvimento e até 50% dos trabalhadores em países industrializados tenham serviços adequados de saúde e segurança no trabalho. Nos EUA, 40% dos 120 milhões de trabalhadores teriam acesso a estes serviços. “O investimento em saúde e segurança dos trabalhadores tem um custo elevado. Porém, os acidentes e doenças apresentam um custo maior, que são os seus impactos sociais”, diz Arias.

SAT na República Dominicana - O Sistema de Seguro contra Acidentes de Trabalho (SAT) da República Dominicana, apesar de sua recente criação, tem enfrentado desafios característicos de sistemas mais antigos, como aqueles existentes em diversos outros países da América Latina. Esta é a impressão que resultou da mesa redonda “Desafios e Perspectivas do Sistema de Riscos do Trabalho na República Dominicana”. O atual sistema de seguro contra acidentes de trabalho da República Dominicana entrou em vigor em março de 2004 e é administrado pela Administradora de Riscos Laborais “Salud Segura” (ARLSS), entidade pública vinculada ao Instituto Dominicano de Seguridade Social (IDSS). A supervisão do sistema está a cargo da Superintendência de Riscos Laborais (SISALRIL), vinculada ao Ministério do Trabalho. Este, por sua vez, define a legislação aplicável e sua regulamentação.

São segurados obrigatórios todos os empregados públicos e privados, abrangendo cerca de 30 mil empresas e um milhão de trabalhadores. O sistema trabalha com quatro graus de risco diferentes, cujas alíquotas de contribuição variam entre 1% e 8% da folha salarial, toda a cargo do empregador. Foram reportados à ARLSS, em 2006, 5.359 acidentes. “O número real de acidentes verificados foi muito maior, de cerca de 30 mil”, afirmou o diretor-executivo da ARLSS e vice-presidente da CAPRT, Elisaben Matos, explicando que o setor de construção civil, que emprega muitos imigrantes ilegais oriundos do Haiti, apresenta um alto grau de subregistro. Os setores que mais acidentes notificaram em 2006 à ARLSS foram a manufatura, o comércio e os serviços, incluindo o setor turístico.

Desafios pendentes - Diversos desafios para o futuro do sistema de riscos do trabalho dominicano foram manifestados na mesa-redonda. A diretora da SISALRIL, Graciela Hill, citou a necessidade de aperfeiçoar a fiscalização e arrecadação, a cargo da Tesouraria da Seguridade Social. Outro desafio relevante é a ampliação da cobertura, que exclui contribuintes individuais e, no setor público, os Poderes Judiciário e Legislativo, bem como as municipalidades da República Dominicana.

Todos os participantes da mesa redonda concordaram com a importância do diálogo social por intermédio do recentemente reativado Conselho Nacional de Seguridade e Saúde Ocupacional (CONSSO), bem como na necessidade de desenvolvimento de uma Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. O diretor de Seguridade Industrial do Ministério do Trabalho da República Dominicana, Ángel Moquete, salientou a necessidade de maior conhecimento sobre as causas dos acidentes de trabalho e elogiou a cooperação das organizações internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O diretor-executivo Elisaben Matos mencionou também a necessidade de buscar formas de diminuir a sonegação de contribuições, que alcançaria, na sua estimativa, 40% de todas as empresas dominicanas.

República Dominicana - A República Dominicana é um país localizado no Caribe hispânico e divide a ilha de Hispaniola com o Haiti. Tem 48 mil quilômetros quadrados e conta com uma população de 9,1 milhões de pessoas. A população economicamente ativa (PEA) corresponde a 4,1 milhões, enquanto a totalidade dos contribuintes para algum sistema de seguridade social chega a 1,5 milhão. Possui uma população com estrutura etária mais jovem que a brasileira. Os principais setores de crescimento econômico em 2006 foram o turismo e a construção civil.

Fonte: Ministério da Previdência Social

Estresse extremo destrói neurônios, diz pesquisa




O estresse extremo pode contribuir para a depressão
Um único episódio de estresse extremo pode ser o suficiente para destruir novas células nervosas no cérebro, de acordo com uma pesquisa.
Os pesquisadores da Universidade Franklin Rosalind, nos Estados Unidos, acreditam que a perda dessas células possa ser uma das causas da depressão.

Os cientistas usaram grupos de ratos jovens e de ratos mais velhos e agressivos para o estudo, que foi publicado na revista Journal of Neuroscience.

Cada rato jovem foi colocado em uma gaiola com dois ratos mais velhos durante 20 minutos.

Os ratos velhos intimidavam e, em alguns casos, atacavam os mais novos com mordidas.

Estresse

O nível de estresse dos ratos jovens colocados nessas gaiolas chegou a ser seis vezes mais alto do que o normal.

Os cientistas descobriram que o estresse afeta as células do hipocampo, a área do cérebro responsável pelo aprendizado, memória e emoção.

O hipocampo é uma das regiões cerebrais que continua a desenvolver células nervosas durante a vida, tanto nos ratos quanto em seres humanos.

O estresse não impediu a produção de novas células, como acreditavam alguns cientistas. Mas as células tiveram mais dificuldade em sobreviver, o que significa que houve uma redução no númetro de neurônios novos para processar sentimentos e emoções.

Os pesquisadores acreditam que a perda de células nervosas pode ser uma causa de depressão.

Uma semana após o teste, apenas um terço das novas células produzidas havia sobrevivido. A sobrevivência dos neurônios em longo prazo também foi comprometida.

Os pesquisadores acreditam que o estudo possa ajudar no desenvolvimento de tratamentos para impedir que situações muito estressantes causem problemas de depressão.

Tratamentos

Como os neurônios não morrem imediatamente após o episódio de estresse, mas pelo menos 24 horas depois, o tratamento poderia ser administrado nesse intervalo para impedir a perda de células.

O coordenador da pesquisa, Daniel Peterson, disse que o próximo passo é entender como o estresse reduz a sobrevivência dos neurônios.

Para o professor David Kendall, da Universidade de Nottingham, na Grã-Bretanha, apesar de o estresse extremo ser prejudicial à saúde, níveis moderados podem ser benéficos.

“A regra parece ser que um pouco de estresse é bom para você, mas o estresse severo e imprevisível é ruim”, disse.

Fonte:BBC-Brasil, 14/03/2007