domingo, 30 de agosto de 2009

O ESTRESSE NA INFÂNCIA

De: Ceres Araujo

Crianças estressadas e bebês estressados - algo pouco concebível anos atrás, mas uma realidade nos nossos dias.
Estresse é uma reação normal e desejável do organismo frente a situações muito excitantes ou muito difíceis. O estresse não é uma doença, porém, quando a reação a uma situação estressante é intensa e prolongada, o organismo pode ser debilitado, existindo uma disfunção do sistema imunológico, o que pode determinar o aparecimento de sintomas e doenças.
Durante a vida, desde o nascimento, talvez mesmo antes, o ser humano enfrenta inúmeras situações de estresse, sendo que a capacidade de enfrentamento a essas situações vai aumentando com as experiências de vida e com a maturidade emocional. A capacidade para administrar situações de estresse é muito variável de individuo para indivíduo. Algumas pessoas lidam melhor com eventos estressantes que outras.
"Uma criança muito poupada não se prepara para o mundo estressante de hoje e, por outro lado, uma criança muito exposta às adversidades, pouco protegida, não terá chance de adquirir, de modo gradual, boas estratégias de enfrentamento"
Muitas vezes, a capacidade ainda imatura da criança para enfrentar situações de estresse, faz com que ela experimente níveis de tensão muito elevados, durante seu desenvolvimento. Assim, o nascimento de um irmão, a adaptação à escola, mudança de casa, mudança de quem toma conta, doenças, acidentes, que são, contingências normais da vida podem ser vividas como situações estressantes. Cabe, aos adultos, responsáveis pelas crianças, a sensibilidade para perceber quando o estresse é demasiado, quando a tensão é intolerável e quando é necessário ajudar a criança a se tranquilizar.
Em todas as épocas, crescer e viver significa ter que lidar com situações de tensão, de estresse e aprender com elas. Entretanto, nos nossos tempos, observa-se uma incidência mais elevada de estresse em todas as idades, inclusive na infância.
O tipo de atividade infantil de anos atrás era menos gerador de tensão. As crianças tinham menos horários a cumprir, ficavam mais em casa, as formas de brincar eram mais apaziguadoras, etc. Atualmente o estresse provocado pelos riscos da violência urbana, pela poluição ambiental, entre outros males da vida cotidiana, fazem parte da realidade do mundo infantil.
Outro fator importante, como gerador de estresse nas crianças, está ligado diretamente à nossa era tecnológica. No mundo globalizado, cada vez mais se acelera a velocidade da transmissão da informação. As crianças são inundadas de inúmeros estímulos ao mesmo tempo e, pela idade, ainda não desenvolveram uma estrutura mental capaz de adequadamente organizá-los. Como decorrência, elevam-se a excitabilidade e a desorganização interna nas suas mentes. O resultado, em muitos casos, é o estresse para a criança.
"Pais estressados têm filhos estressados, assim como professores estressados têm alunos estressados"
Cumpre ressaltar também, como geradores de estresse o excesso de horários e o excesso de obrigações impostos à criança. Na estrutura familiar contemporânea, houve uma sensível diminuição do tempo de interação entre pais e filhos. Pais e mães trabalham muitas horas, as crianças estão indo para a escola cada vez mais jovens.
Se isso traz benefícios reais, pois elas estão se desenvolvendo mais precocemente em todas as áreas - hoje temos "geniozinhos de fraldas" - por outro lado, a rotina de vida diária ficou carregada de horários impostos de forma não natural. A criança é pressionada para se levantar, se vestir, se alimentar e correr para ir à escola ou a atividades extra-escolares, na maioria das vezes, enfrentando o trânsito e o perigo de assalto e sequestro comuns nas nossas cidades. Falta-lhe tempo para brincar pelo prazer de brincar, pois até o brincar está sendo submetido ao render e produzir. Os pais se cobram demais e cobram muito seus filhos. Existem altas expectativas de grandes resultados no empreendimento que se tornou a família na nossa época. Tudo isso é altamente gerador de estresse. Quando os cuidadores das crianças não entendem o que está acontecendo e não as atendem adequadamente, distúrbios físicos e emocionais podem ocorrer.
Marilda Lipp, pioneira nos estudos sobre estresse infantil no Brasil, mostra que uma criança muito poupada não se prepara para o mundo estressante de hoje e, por outro lado, uma criança muito exposta às adversidades, pouco protegida, não terá chance de adquirir, de modo gradual, boas estratégias de enfrentamento.
Seguem aqui, alguns dos principais fatores de risco para elevação do nível de estresse na infância:
- Brigas constantes ou separação dos pais- Nascimento de irmão- Doenças, hospitalização- Doença mental dos pais- Disciplina confusa por parte dos pais- Expectativas ou cobranças exageradas por parte dos pais- Rejeição ou "bullying" por parte de colegas- Excesso de atividades- Mudanças constantes de cidade- Mudanças constantes de escola
Quanto aos fatores de proteção para evitar elevação do nível de estresse na infância, pode-se destacar, entre outros:
- Boa saúde- Pais atentos e sintonizados às necessidades do filho- Cuidadores e professores competentes e sensíveis à criança- Capacidade de tolerância à frustração no esperado para a idade- Curiosidade e interesse para lidar com situações novas.
Pais estressados têm filhos estressados, assim como professores estressados têm alunos estressados. Aprender exige certo sacrifício, mas aprender precisa ser também algo prazeroso. Pais e professores são as pessoas que apresentam, à criança, o mundo dos relacionamentos e o mundo do conhecimento. Daí a importância deles como modelos adequados para ensinar às crianças a administrar o estresse gerado pelas circunstâncias da vida.
Fonte:
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/estresse_infantil.htm

domingo, 23 de agosto de 2009

sábado, 15 de agosto de 2009

Denúncias de assédio moral aumentam 588,2% em quatro anos no Rio de Janeiro

As denúncias de assédio moral são um fenômeno que vem crescendo, ano após ano, nas empresas do estado do Rio de Janeiro. O total de casos investigados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) deu um salto nos últimos quatro anos: passou de 17, em 2004, para 117, em 2008, uma alta de 588,2%. Neste ano, o número de queixas chega a 90 só até julho.Normalmente, a queixa é única - humilhações e constrangimentos, de forma repetitiva, durante a jornada de trabalho -, porém são muitos os fatores que atualmente potencializam esse tipo de conduta: demissões, terceirizações, funcionários sobrecarregados e gestores autoritários e com metas cada vez mais ambiciosas em busca do lucro para as empresas."A causa principal do assédio moral ocorre com o trabalho organizado de forma autoritária. Os operários não podem opinar sobre as condições de trabalho, o que demonstra a falta completa de democracia nas relações de trabalho", observa Terezinha Souza Martins, doutora em psicologia social pela PUC/SP, professora da Universidade Federal do Recôncavo Baiana (UFRB) e pesquisadora convidada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).A crise financeira internacional, que reduziu no Brasil o nível de emprego, também contribuiu para o aumento do assédio moral, na medida em que o empregado, temendo ser demitido, se submete mais facilmente à ação de gestores autoritários. Terezinha observa que o discurso do patrão é ideológico, fala em democratização, mas esconde um grau elevado de autoritarismo nas relações de trabalho. "Quem trabalha não está sendo ouvido. O aumento do assédio moral se deve à lógica do capital, que cada vez mais precisa de resultados imediatos, pressiona para obter mais lucro. E, ao reduzir o número de trabalhadores na ativa, aumenta o serviço para os empregados que permaneceram na empresa, que acabam sendo presas mais fáceis de ações de assédio moral por parte de gestores autoritários", disse Terezinha.Ela ressalta que um fenômeno recente é o aumento de casos de assédio coletivo, em que toda uma equipe é pressionada. "O que é novíssimo é o assédio coletivo, em que todos são pressionados. O assédio individual continua, mas o coletivo passou a se apresentar com mais força há um ano", afirmou.Terezinha levanta mais uma questão: o número de adoecidos, com dor de cabeça, depressão, devido ao assédio moral. "É inexorável que o trabalho, mantida a doutrina autoritária, se torne grave como a gripe suína. Aí vamos olhar para a vida sem esperança". Ela, porém, acredita que a visibilidade que o tema vem ganhando na mídia, levará a uma saída mais coletiva e democrática."Se o assédio não é barrado, o trabalhador pode sofrer até de transtorno mental, como de síndrome de pânico. A pessoa sente uma tristeza profunda, um caminho para a depressão. Infelizmente temos casos até de tentativa de suicídio", disse. Segundo levantamento do MPT, entre os estados em que há o maior número de queixas estão o de São Paulo, Minas Gerais, do Espírito Santo e Rio de Janeiro. No Rio, o Ministério Público do Trabalho tem em curso um total de 394 investigações sobre assédio moral e duas ações civis públicas em andamento. Mais 21 termos de ajustamento de conduta (acordos com a empresa) foram firmados. O assédio moral é tipicamente uma perseguição ao empregado feita com atos legais. Ninguém pode impedir o empregador, por exemplo, de pedir a um funcionário que refaça seu trabalho. Quando isso ocorre repetidamente, todos os dias, pode haver indício de assédio moral. É esse caráter de perseguição que vai caracterizar o assédio moral, mas provar é extremamente difícil. Segundo o procurador do MPF Wilson Prudente, o que tem sido feito é propor a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, que permite a inversão do ônus da prova, em que o empregador passaria a ter que provar que não está cometendo o assédio."Quando as testemunhas ainda estão trabalhando na empresa geralmente não depõem em favor do colega. Assédio coletivo é mais fácil porque você tem vários empregados com a mesma queixa", disse Prudente. Como são poucos os trabalhadores com estabilidade no emprego, as eventuais testemunhas também são dispensadas.
Fonte:

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/08/15/ult5772u4963.jhtm

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

TST equipara alcoolismo a doença de trabalho e manda empresa readmitir empregado

O alcoolismo crônico pode ser equiparado a uma doença de trabalho e garantir estabilidade de emprego às suas vítimas. Essa tese foi confirmada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho), que negou recurso de uma empresa do Espírito Santo e determinou a reintegração de um funcionário demitido.

Dispensado após trabalhar por 27 anos na Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas), o eletricitário processou a empresa alegando que o alcoolismo era decorrente de sua função. Um laudo pericial pedido pela Justiça apontou que o trabalho em redes elétricas de alta tensão fez com que o funcionário se entregasse à bebida.

Segundo a perícia, outro fator que contribuiu para o alcoolismo do empregado teria sido a expectativa de perda do emprego, durante o processo de privatização da companhia elétrica, quando existiram demissões em massa. O empregado teve ganho de causa tanto na 1ª quanto na 2ª instância.

Ao analisar o recurso da Escelsa, o relator do caso na 6ª Turma do TST, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, considerou que as decisões anteriores estavam bem fundamentadas nos laudos e que não teria como analisar as provas novamente. De acordo com informações do TST, o relator criticou a empresa por falta de responsabilidade social, por dispensar um funcionário após 27 anos de serviço no momento em que ele se encontrava doente. Ele observou ainda que o empregado não foi encaminhado para tratamento médico ou amparado pela Previdência Social.

Desde 1967, a OMS (Organização Mundial da Saúde) considera o alcoolismo uma doença e recomenda que as autoridades encarem o assunto como questão de saúde pública. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que o álcool contribui para 50% das faltas ao serviço e é responsável por 40% dos acidentes de trabalho.

Fonte: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/TST+EQUIPARA+ALCOOLISMO+A+DOENCA+DE+TRABALHO+E+MANDA+EMPRESA+READMITIR+EMPREGADO_65217.shtml

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Situações de Estresse no Trabalho podem levar à Depressão


A Organização Mundial da Saúde aponta que até 2020 a depressão passará da 4ª para a 2ª colocada entre as principais causas de incapacidade para o trabalho no mundoA competitividade no mercado de trabalho aumentou significativamente nos últimos anos. Seus efeitos são rotinas extremamente estressantes e funcionários submetidos à pressão contínua na busca de resultados e melhora de desempenho. Estes são fatores que podem afetar diretamente a qualidade de vida e saúde do empregado, causando inclusive quadros de depressão.Alguns dos primeiros sinais de um quadro depressivo são irritabilidade, insônia, dores sem causa clínica definida, cansaço excessivo, baixa produtividade e dificuldade para tomar decisões, que não passam mesmo após um período de férias, por exemplo. Além da pressão e do excesso de trabalho representarem complicadores, situações variadas podem atingir os indivíduos de forma diferente. "As atribuições do cargo também devem ser consideradas fator de risco para a doença. Um executivo, por exemplo, que não gosta de falar em público, sentindo-se desconfortável e ansioso, mas precisa fazer apresentações a grupos ou dar palestras pode ser forte candidato a torna-se depressivo. Situações repetitivas de estresse psicológico como essa podem ser decisivas para desencadear a depressão", explica o psiquiatra e professor da Unifesp (Universidade Federal da Universidade de São Paulo, Acioly Lacerda.Em longo prazo, quadros de depressão não tratados podem resultar no afastamento das atividades, elevando o absenteísmo nas empresas, ou até mesmo em demissão, já que a baixa produtividade e o desinteresse pela rotina podem afetar a avaliação da empresa sobre o funcionário. "É importante reconhecer os sintomas emocionais e físicos o quanto antes, procurar ajuda médica e seguir o tratamento corretamente, para a completa remissão da doença - ou seja, a ausência completa dos sintomas", afirma o psiquiatra. Principais sintomas da depressão:emocionais: tristeza, perda de interesse, ansiedade, angústia, desesperança, estresse, culpa, ideação suicida.físicos: baixa energia, alterações no sono, dores inexplicáveis pelo corpo (sem causa clínica definida), dor de cabeça, dor no estomago, alterações no apetite, alterações gastrintestinais, alterações psicomotoras, entre outras.A depressão, muitas vezes, se manifesta emocionalmente e fisicamente no paciente, causando diversas dores e incômodos. Para estes quadros, existem tratamentos que combatem ao mesmo tempo essas duas classes de sintomas, com perfil de tolerabilidade, aspecto importante para uma medicação que geralmente necessita ser utilizada por períodos longos. É o caso da duloxetina, uma moderna opção medicamentosa que age nos sintomas emocionais (tristeza, ansiedade, humor depressivo) e físicos (fadiga, dores vagas e difusas no corpo) da depressão.Alguns números· Ao avaliar o número de afastamentos do trabalho, o Ministério da Previdência Social constatou que os transtornos mentais e comportamentais representaram mais de um terço dos casos entre 2000 e 2005 (percentual de 33,5%), ao lado dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). As áreas profissionais mais afetadas pelos transtornos do humor são mercado financeiro, refino de petróleo, transporte ferroviário urbano e bancos comerciais.· Encomendada pela Federação Mundial para Saúde Mental, a pesquisa "Depressão, A Verdade Dolorosa" avaliou 377 adultos diagnosticados com depressão e 756 médicos (clínicos gerais e psiquiatras) do Brasil, Canadá, México, Alemanha e França. De acordo com o estudo, 64% das pessoas deprimidas relataram ausência no trabalho (uma média de 19 dias perdidos por ano) e 80% disseram ter a produtividade reduzida em cerca de 26%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que até 2020 a depressão passará da 4ª para a 2ª colocada entre as principais causas de incapacidade para o trabalho no mundo. No mundo, estima-se que 121 milhões de pessoas sofram com a depressão - 17 milhões delas somente no Brasil e, segundo dados da OMS, 75% dessas pessoas nunca receberam um tratamento adequado. Sobre a depressãoA causa da doença ainda é desconhecida, mas uma das teorias mais aceitas é que a depressão é conseqüência de uma disfunção no sistema nervoso central, que diminui e desequilibra as concentrações de dois neurotransmissores (a serotonina e a noradrenalina). Estes neurotransmissores são responsáveis pelo aparecimento dos sintomas físicos e emocionais da depressão. Apesar do difícil diagnóstico e da gravidade da doença, existem tratamentos eficazes atualmente. Os mais comuns envolvem psicoterapia e medicamentos e, para que haja o desaparecimento completo dos sintomas, é preciso que seja aplicado um tratamento completo. Um dos mais recentes antidepressivos, a duloxetina, tem dupla ação, aumentando e balanceando os níveis de serotonina e noradrenalina no cérebro. Por isso, atua sobre os sintomas emocionais (tristeza, ansiedade, humor depressivo) e físicos (fadiga, alteração de peso e sono, dores de cabeça, nas costas, no pescoço, entre outras) da doença, proporcionando significativo aumento da qualidade de vida do paciente. A duloxetina, um medicamento dos laboratórios Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, foi estudada até o momento em mais de 6.000 adultos com depressão e é comercializada em mais de 40 países, entre os quais Estados Unidos, México, Reino Unido, Alemanha e África do Sul. É importante ressaltar, porém, que não se deve usar nenhum medicamento sem prescrição e rigoroso acompanhamento médico. Os pacientes com depressão devem também ser encorajados a modificar seus hábitos diários: realizar atividades físicas regulares, manter um período satisfatório de sono diário, ter uma boa alimentação e evitar o uso de substâncias como anorexígenos, álcool e tabaco.

Fonte: http://www.maxpressnet.com.br/noticia.asp?TIPO=PA&SQINF=390468

terça-feira, 4 de agosto de 2009

STJ: Empregador deve comprovar isenção por acidente de trabalho

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu no dia 25 de junho que um garoto de 14 anos que perdeu a mão e o antebraço em 1987 em acidente de trabalho receberá do então empregador R$ 100 mil por danos morais, mais pensão mensal vitalícia de um salário mínimo ajustado pelo grau de incapacidade, de forma retroativa à data do acidente, com correções e juros. O acórdão reforça que cabe ao empregador comprovar a inexistência do dever de indenizar por acidente de trabalho.Segundo a ministra Nancy Andrighi, é obrigação do empregador garantir a segurança do local de trabalho. “Nos acidentes de trabalho, cabe ao empregador provar que cumpriu seu dever contratual de preservação da integridade física do empregado, respeitando as normas de segurança e medicina do trabalho. Em outras palavras, fica estabelecida a presunção relativa de culpa do empregador”, disse.
A responsabilidade objetiva do empregador pode ocorrer quando as atividades são eminentemente de risco de caráter excepcional, expondo o trabalhador a uma chance maior de acidentes. De acordo com Andrighi, o fundamento para sua responsabilização continua sendo a existência de culpa. “Não se trata de exigir do empregador a produção de prova negativa, tendo em vista que ele próprio detém — ou pelo menos deveria deter — elementos necessários à comprovação de que respeitou as normas de segurança e medicina do trabalho — como, por exemplo, documentos que evidenciem a realização de manutenção nas máquinas e a entrega de equipamentos de proteção individual”, completou.
Com informações da Coordenadoria e Editoria e Imprensa do STJ

Fonte: http://www.anamt.org.br/newsletter/le_newsletters.php?idnewsletter=56&id=131

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estresse conduz a ações automáticas

RICARDO MIOTO - Colaboração para a Folha de S.Paulo
A rotina leva ao estresse, mas os cientistas descobriram agora que o estresse também leva à incapacidade de sair da rotina. Eles estressaram ratos de laboratório e, posteriormente, avaliaram a sua capacidade de abandonar velhos hábitos. É possível estender as conclusões para humanos, dizem.
É uma maneira de o cérebro se proteger. "Uma pessoa estressada vai colapsar se tiver que prestar atenção em mais coisas. Pode ser uma adaptação passar a fazer tudo automaticamente, sem pensar", diz Rui Costa, neurocientista dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. O estudo saiu anteontem na revista "Science".
A ideia é que, quando estamos fazendo algo novo --ainda que banal, como apertar o nosso andar no elevador pela primeira vez após a mudança--, temos que refletir sobre o ato. Qual andar? Em que lado fica o painel com os botões?
Mas, com o hábito, passamos a fazer essas coisas sem pensar.
"Imagine dirigir do trabalho pra casa. Vamos automaticamente. Quantas vezes queríamos parar no supermercado mas, quando vemos, já estamos em casa?", diz Costa. A rotina poupa o esforço de pensar.
É possível dizer que os pesquisadores "explicaram" as avenidas cronicamente congestionadas, como a Rebouças, em São Paulo. O trânsito estressa as pessoas, que, num ato automático, deixam de tentar caminhos novos. Continuam voltando para casa pela Rebouças, realimentando o estresse.
Os pesquisadores passaram 21 dias estressando um grupo de ratos machos. Diariamente, cada um era colocado na gaiola de outro macho, com ele lá dentro. Antes disso, a fêmea desse rato dono do pedaço havia sido retirada de lá.
Ou seja, o rato morador da gaiola estava furioso, era agressivo. O novato, em território estranho, ficava com medo e, em poucos minutos, estava tenso e submisso. Os animais também eram forçados a nadar, para misturar componentes psicológicos e físicos do estresse.
Após isso, tanto esse grupo estressado quando um outro grupo de ratos, calmos e de bem com a vida, foram condicionados para apertar uma alavanca em troca de comida.
Depois que aprendiam, a alavanca não fazia mais diferença. A comida vinha aleatoriamente. Mas os ratos estressados - e só eles - seguiam apertando a alavanca insistentemente.
Ao mesmo tempo, os cientistas observaram o cérebro dos ratos através de fMRI (Imageamento por Ressonância Magnética Funcional, em inglês).
Conclusão: o estresse expande uma área neural, em detrimento de outras, relacionada ao comportamento rotineiro e automático - o estriado dorsolateral. O objetivo agora é saber como isso acontece.
"Queremos agora saber quais são as bases moleculares desse efeito. Se tivermos sucesso, no futuro pode-se tentar até desenvolver um fármaco para bloquear isso", diz Costa.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u603804.shtml