sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Sílica, fuligem e animais representam risco ocupacional para o câncer de laringe

Trabalhadores que lidam com sílica têm até duas vezes mais riscos de desenvolver o câncer de laringe (Foto: Associação de Segurança da Construção de Ontário/Canadá)

Uma pesquisa publicada na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz investigou fatores de risco ocupacionais para câncer de laringe. Os resultados mostraram uma maior incidência da doença nos indivíduos expostos no trabalho à sílica, à fuligem, a fumos e a animais vivos. Coordenado pelo médico Sergio Guerra Sartor, da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho também confirmou que esse tipo de câncer está associado ao hábito de fumar e ao consumo de álcool. Indivíduos expostos no trabalho à sílica, à fuligem, a fumos e a animais vivos tiveram um risco cerca de duas vezes maior de desenvolver câncer de laringe – doença responsável por cerca de 73 mil mortes por ano no mundo. Os sintomas são alteração na qualidade da voz, dificuldade de engolir e sensação de “caroço” na garganta.
Sartor e sua equipe foram pioneiros ao investigar a relação entre a exposição ocupacional à fuligem e o câncer de laringe. Contudo, essa substância faz parte da história da medicina do trabalho e tem sido associada ao aparecimento de diferentes tipos de câncer, como de pele, pulmão, esôfago, fígado e leucemia. Já os indivíduos que trabalham com animais podem ter um risco maior de apresentar câncer de laringe porque ficam expostos a inseticidas, microorganismos e toxinas presentes nos locais de criação.
O estudo foi conduzido em seis hospitais do município de São Paulo. Participaram da pesquisa 18 mulheres e 104 homens diagnosticados com câncer de laringe (casos) e 187 indivíduos que não apresentavam a doença (controles). Entre os controles, 27% foram classificados como não fumantes, contra apenas 6% entre os casos. “Os tabagistas têm risco quadruplicado, quando comparados aos não tabagistas. Observa-se um risco crescente de câncer de laringe segundo o número de maços/ano”, diz o artigo. Para se ter uma idéia do que isso significa, indivíduos que fumaram mais do que 43 maços por ano tiveram um risco 7,5 vezes maior, quando comparados aos não fumantes.
Quanto ao uso de álcool, 87% dos casos relataram consumir bebida alcoólica pelo menos uma vez por mês, enquanto esse percentual foi de 71% entre os controles. Essa diferença entre os grupos significa que pessoas que consomem álcool têm um risco duas vezes maior de desenvolver câncer de laringe. A ingestão excessiva de álcool e o tabagismo são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer e, quando consumidos ao mesmo tempo por um indivíduo que já tem a doença, diminuem a probabilidade de cura e aumentam o risco de aparecimento de um segundo tumor.
Por outro lado, a pesquisa também constatou que uma maior escolaridade tem um efeito protetor contra o câncer de laringe. Ou seja: a doença é menos freqüente em indivíduos que freqüentaram a escola por mais anos – possivelmente porque essas pessoas têm mais informações e oportunidades para cultivar hábitos saudáveis, inclusive no trabalho.
Fonte: Site da Fiocruz - Autor: Igor Cruz




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