terça-feira, 31 de agosto de 2010

Felicidade no trabalho faz diferença?


26th July 2010 - Does happiness at work matter?
Happiness isn’t high on employers' list of priorities at the moment, and it probably doesn’t feature much for those employees still dealing with the consequences of the recession. Across the world, employment security is back with a bang as employees prioritise keeping their job over job satisfaction or even increased pay. But new research published by Andrew Oswald at Warwick University has restarted the debate on the importance of happiness at work, and the findings should make employers sit up and listen.
Oswald and his team ran a series of experiments asking volunteers to undertake a number of tasks designed to mimic white collar work and quizzed them on their emotional wellbeing. Volunteers were paid a basic rate for attending the session, and a further sum for each correctly completed task. Some groups of volunteers were shown short comedy films before starting their work, others a neutral film and others no film at all.
The question Oswald set out to answer was, does happiness lead to better motivation or less careful behaviour? That is, if we are happy, do we give more at work, or does it distract us, leading to less accurate, and therefore less valuable, work?
There is already evidence that job satisfaction has a small positive correlation with worker productivity, and even that people who regularly experience positive emotions such as joy, satisfaction, contentment and enthusiasm are likely to be more successful in their career. But few economists or psychologists have looked explicitly at the whether happiness makes people more productive in a paid task i.e. in those circumstances most closely replicating the workplace.
The findings are significant; in Oswald’s words ‘happiness has a powerful causal effect on labor productivity’. Happier workers increased their output while the quality, or precision, of their work remained unchanged. The experiment was designed around performance related pay, but interestingly, whether or not volunteers were told the exact payment method, or simply told that pay would be performance related, the impact of their happiness on their productivity remained the same.
So does this matter? Up until now the idea of a happy and productive worker has often seemed like an illusion; something made up by overly optimistic management theorists. Debates about wellbeing and productivity have more often shown the tensions between the two; increased labour productivity achieved through work intensification which in turn has negative effects on worker wellbeing. It is important to note that this study is not longitudinal, so it is not able to show whether these effects can be maintained over time.
But it is important firstly in encouraging employers, managers and employees to think more carefully about the impact of emotions on work, and to consider employees as fully rounded human beings with important emotional as well as physical needs. Secondly, as many organisations in the public and private sector navigate their way through the uncertain economic environment, it suggests that investing in the workforce’s wellbeing is not only something for the good times, but may help employers deliver a much needed boost to their productivity just when then need it most.
Employers can only do so much; many of the factors affecting employee happiness will lie outside the workplace. But job quality and job design are well within employers’ scope, and have a powerful effect on employee wellbeing. But as Stephen Bevan, managing director at the Work Foundation, told Personnel Today recently, with a ready supply of labour employers need a good excuse to prioritise employee wellbeing:
"One problem we have is about declining job quality. In Britain, workers find their jobs less interesting and less fulfilling than 10 years ago. Employers have been trying to do more with less for a while now. They are aware of the principle of ensuring that jobs are fulfilling, but find it hard to find a business case for it. They are paying less attention to keeping people happy, because, in the current climate, if someone leaves, there will be another employee to take their place."
Oswald’s research may confirm what enlightened managers and employees already know; that happy workers are good workers, and employers intent on boosting productivity will do what they can to provide good jobs and working conditions, and supportive workplace relationships. But it may also encourage recession weary employers to move employee wellbeing up their list of priorities sooner rather than later.
Hannah Jameson
IPA research manager
Fonte: http://www.ipa-involve.com/news/viewpoint-does-happiness-at-work-matter/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

"Nota mais alta não é educação melhor"

Para Diane Ravitch, ex-secretária-adjunta de Educação dos EUA, sistema em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação.
Uma das principais defensoras da reforma educacional americana - baseada em metas, testes padronizados, responsabilização do professor pelo desempenho do aluno e fechamento de escolas mal avaliadas - mudou de ideia.
Após 20 anos defendendo um modelo que serviu de inspiração para outros países, entre eles o Brasil, Diane Ravitch diz que, em vez de melhorar a educação, o sistema em vigor nos Estados Unidos está formando apenas alunos treinados para fazer uma avaliação.
Secretária-adjunta de Educação e conselheira do secretário de Educação na administração de George Bush, Diane foi indicada pelo ex-presidente Bill Clinton para assumir o National Assessment Governing Board, instituto responsável pelos testes federais. Ajudou a implementar os programas No Child Left Behind e Accountability, que tinham como proposta usar práticas corporativas, baseadas em medição e mérito, para melhorar a educação.
Suas revisão de conceitos foi apresentada no livro The Death and Life of the Great American School System (a morte e a vida do grande sistema escolar americano), lançado no mês passado nos EUA. O livro, sem previsão de edição no Brasil, tem provocado intensos debates entre especialistas e gestores americanos.

Leia entrevista concedida por Diane:
   Por que a senhora mudou de ideia sobre a reforma educacional americana?
Eu apoiei as avaliações, o sistema de accountability (responsabilização de professores e gestores pelo desempenho dos estudantes) e o programa de escolha por muitos anos, mas as evidências acumuladas nesse período sobre os efeitos de todas essas políticas me fizeram repensar. Não podia mais continuar apoiando essas abordagens. O ensino não melhorou e identificamos apenas muitas fraudes no processo.
  
   Em sua opinião, o que deu errado com os programas No Child Left Behind e Accountability?
O No Child Left Behind não funcionou por muitos motivos. Primeiro, porque ele estabeleceu um objetivo utópico de ter 100% dos estudantes com proficiência até 2014. Qualquer professor poderia dizer que isso não aconteceria - e não aconteceu. Segundo, os Estados acabaram diminuindo suas exigências e rebaixando seus padrões para tentar atingir esse objetivo utópico. O terceiro ponto é que escolas estão sendo fechadas porque não atingiram a meta. Então, a legislação estava errada, porque apostou numa estratégia de avaliações e responsabilização, que levou a alguns tipos de trapaças, manobras para driblar o sistema e outros tipos de esforços duvidosos para alcançar um objetivo que jamais seria atingido. Isso também levou a uma redução do currículo, associado a recompensas e punições em avaliações de habilidades básicas em leitura e matemática. No fim, essa mistura resultou numa lei ruim, porque pune escolas, diretores e professores que não atingem as pontuações mínimas.

   Qual é o papel das avaliações na educação? Em que elas contribuem? Quais são as limitações?
Avaliações padronizadas dão uma fotografia instantânea do desempenho. Elas são úteis como informação, mas não devem ser usadas para recompensas e punições, porque, quando as metas são altas, educadores vão encontrar um jeito de aumentar artificialmente as pontuações. Muitos vão passar horas preparando seus alunos para responderem a esses testes, e os alunos não vão aprender os conteúdos exigidos nas disciplinas, eles vão apenas aprender a fazer essas avaliações. Testes devem ser usados com sabedoria, apenas para dar um retrato da educação, para dar uma informação. Qualquer medição fica corrompida quando se envolve outras coisas num teste.

   Na sua avaliação, professores também devem ser avaliados?
Professores devem ser testados quando ingressam na carreira, para o gestor saber se ele tem as habilidades e os conhecimentos necessários para ensinar o que deverá ensinar. Eles também devem ser periodicamente avaliados por seus supervisores para garantir que estão fazendo seu trabalho.

   E o que ajudaria a melhorar a qualidade dos professores?
Isso depende do tipo de professor. Escolas precisam de administradores experientes, que sejam professores também, mais qualificados. Esses profissionais devem ajudar professores com mais dificuldades.

   Com base nos resultados da política educacional americana, o que realmente ajuda a melhorar a educação?
As melhores escolas têm alunos que nasceram em famílias que apoiam e estimulam a educação. Isso já ajuda muito a escola e o estudante. Toda escola precisa de um currículo muito sólido, bastante definido, em todas as disciplinas ensinadas, leitura, matemática, ciências, história, artes. Sem essa ênfase em um currículo básico e bem estruturado, todo o resto vai se resumir a desenvolver habilidades para realizar testes. Qualquer ênfase exagerada em processos de responsabilização é danosa para a educação. Isso leva apenas a um esforço grande em ensinar a responder testes, a diminuir as exigências e outras maneiras de melhorar a nota dos estudantes sem, necessariamente, melhorar a educação.

   O que se pode aprender da reforma educacional americana?
A reforma americana continua na direção errada. A administração do presidente Obama continua aceitando a abordagem punitiva que começamos no governo Bush. Privatizações de escolas afetam negativamente o sistema público de ensino, com poucos avanços de maneira geral. E a responsabilização dos professores está sendo usada de maneira a destruí-los.

   Quais são os conceitos que devem ser mantidos e quais devem ser revistos?
A lição mais importante que podemos tirar do que foi feito nos Estados Unidos é que o foco deve ser sempre em melhorar a educação e não simplesmente aumentar as pontuações nas provas de avaliação. Ficou claro para nós que elas não são necessariamente a mesma coisa. Precisamos de jovens que estudaram história, ciência, geografia, matemática, leitura, mas o que estamos formando é uma geração que aprendeu a responder testes de múltipla escolha. Para ter uma boa educação, precisamos saber o que é uma boa educação. E é muito mais que saber fazer uma prova. Precisamos nos preocupar com as necessidades dos estudantes, para que eles aproveitem a educação.

(O Estado de SP, 2/8)
Fonte: JC e-mail 4065