quarta-feira, 25 de março de 2009

Convite para Seminário


‘Influência do estilo de gestão na saúde do trabalhador’

O Centro Regional da Fundacentro na Bahia vai realizar em Salvador, no dia 15 de maio, o seminário Influência do estilo de gestão na saúde do trabalhador. A percepção da necessidade de abordar este tema surgiu da observação sobre como o modo de organizar o trabalho nas empresas e instituições interfere na saúde do trabalhador.
Para o evento foram convidados dois palestrantes: Hilda Alevato, pesquisadora em Sociodinâmica do Trabalho e coordenadora do Núcleo de Educação e Saúde no Trabalho (NEST) da Universidade Federal Fluminense; e Wanderley Codo, psicólogo, professor titular e coordenador do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília.
O seminário será na sede do CRBA da FUNDACENTRO, situado à Rua Alceu Amoroso Lima, 142, em Salvador. As inscrições são gratuitas, e devem ser feitas com antecedência.
Mais informações: Kylyana Queiroz
kylyanaqueiroz@fundacentro-ba.gov.br
Tel.: (71) 3272-8850

segunda-feira, 23 de março de 2009

Casos de assédio moral crescem na crise

CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S.Paulo

A.S., ex-diretor de Recursos Humanos de uma indústria de motocicletas, diz que não apoiou a demissão de centenas de funcionários que poderiam ser lesados em seus direitos. Perdeu poder na empresa, foi ameaçado veladamente e acabou demitido no mês passado.
O executivo decidiu cobrar na Justiça do Trabalho o assédio moral que acredita ter sofrido após as medidas que a companhia adotou para enfrentar os efeitos da crise mundial.
Vendedora de uma empresa de cosméticos, M.S. diz que foi isolada por colegas que temiam a competição no trabalho. Passou a receber e-mails com vírus para atrasar e desqualificar seu desempenho. Teve de trabalhar de madrugada para colocar o serviço em dia até ser afastada por doença física e psíquica e também acionou a Justiça por assédio moral.
Advogados relatam que a pressão para melhorar os resultados diante dos efeitos da crise mundial se dissemina e coloca cada vez mais trabalhadores -como o ex-diretor de RH e a vendedora- em situações de possível assédio moral.
Em 12 escritórios de advogados consultados pela Folha na última semana, aumentou desde outubro o número de ações trabalhistas ou de consultas para abrir processos e pedir indenizações por assédio moral.
A Associação dos Advogados Trabalhistas do Estado de São Paulo (AATSP) estima que os mil profissionais associados ingressaram na Justiça com ao menos uma ação de assédio moral cada um desde que a crise se agravou no final de 2008.
Procuradores do Ministério Público do Trabalho em seis Estados (Rio, Pernambuco, Piauí, Ceará, Santa Catarina e São Paulo) e no Distrito Federal investigam 145 denúncias recebidas neste ano sobre assédio nos setores aéreo, bancário, metalúrgico e de comércio.
É considerado assédio moral um conjunto de condutas abusivas, frequentes e intencionais que atingem a dignidade da pessoa e que resultam em humilhação e sofrimento. "O assédio moral, também chamado de "terror psicológico" no trabalho, é hoje um dos requisitos para aumentar a produtividade nas empresas, que precisam ser mais competitivas contra a crise", diz Luiz Salvador, presidente da Abrat (associação brasileira dos advogados do setor).
Com o acirramento da competição, o assédio moral tende a crescer intra e entre os grupos nas empresas de diferentes setores -principalmente em segmentos onde a tensão é maior, como mercado financeiro e empresas que tiveram o patrimônio reduzido na crise.
"Existe uma crise real e uma imaginária, que torna os funcionários mais inseguros e angustiados. Com essa tensão coletiva, o clima é de maior disputa. Quem está fora do mercado quer entrar, e quem está dentro não quer sair. Os gestores são mais pressionados, pressionam os empregados da produção, e as situações de assédio vão se alastrando", diz o pesquisador Roberto Heloani, professor da FGV e da Unicamp.
O número de consultas ao site (www.assediomoral.org.br) cresceu cerca de 20% desde que a crise se agravou, em outubro, afirma Heloani, coordenador do site. Em alguns escritórios paulistas, a demanda por essas informações subiu em 30% nos últimos dois meses.
O assédio, que se espalha do alto escalão à produção, atinge trabalhadores de todas as rendas. Um alto executivo americano que veio ao Brasil comandar grupo de assuntos estratégicos de um banco por quase R$ 60 mil mensais já recorreu à Justiça por assédio. Com a crise, sua função foi extinta. Ele foi deixado em casa até o banco romper seu contrato, antes do prazo previsto e sem pagar a devida indenização.
Cobrar metas faz parte do dia a dia de qualquer empresa. O problema, dizem os especialistas, é a forma dessa cobrança. Se houver humilhação e ameaça, está caracterizado o assédio. "A imposição de metas para alcançar maior produtividade não implica qualquer violação aos direitos do empregado. Ao contrário, já que podem servir como motivação para alcançar bônus ou prêmio. Mas as metas não podem ser absurdas nem abusivas", diz Otavio Brito Lopes, procurador-geral do Trabalho.
Não há legislação federal específica para o assédio moral no Brasil. Por isso, parte dos advogados crê que, em épocas de crise, o assédio pode ser "usado" pelos trabalhadores para pleitearem indenizações.
"Há pedidos absurdos relativos a assédio moral e com valores desproporcionais. Essa situação é fruto da angústia e desespero dos trabalhadores quando são demitidos. Com isso, demandas verdadeiras de assédio moral ficam sujeitas à ideia de também serem despropositadas", diz o advogado Guilherme Miguel Gantus.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u538937.shtml

terça-feira, 3 de março de 2009

Falta de sono pode provocar distúrbios psíquicos

Estudo mostra que privação do sono podem levar a rearranjos no circuito neural do cérebro, provocando perturbações mentais de diferentes naturezas por Nikhil Swaminathan

Não há dúvida que as pessoas precisam dormir: estudos associam a falta de sono a várias disfunções físicas e psíquicas, desde problemas no sistema imunológico, déficits cognitivos, até o descontrole do peso.
Na verdade, o psicólogo Matthew Walker da University of California, em Berkeley, avalia que “quase todas as desordens psiquiátricas mostram alguns problemas com o sono.” Antigamente os pesquisadores acreditavam que problemas psiquiátricos é que desencadeavam problemas do sono. Novas pesquisas, no entanto, sugerem que o que ocorre, na verdade, é o inverso, ou seja, que os problemas com o sono causam alguns distúrbios psíquicos.
A equipe de Walker e seus colaboradores da Harvard Medical School chegaram a essas conclusões publicadas recentemente na Current Biology, depois de estudarem 26 estudantes saudáveis, com idades entre 24 e 31 anos, que passaram algumas noites acordados (estudando) ou dormindo a noite toda.
Quatorze deles ficaram 35 horas seguidas sem “pregar os olhos” antes de serem submetidos a um exame de ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês) que esquadrinhava o cérebro dos participantes enquanto viam um conjunto de 100 fotos que se tornavam gradativamente mais perturbadoras. As primeiras imagens eram fotos de cestos de vime vazios sobre uma mesa; depois, de uma tarântula sobre o ombro de uma pessoa e, finalmente, fotos de vítimas de queimaduras e outros acidentes traumatizantes.
Os pesquisadores monitoraram principalmente a amígdala ─ uma estrutura cerebral que decodifica a emoção ─ e observaram que os dois grupos de voluntários exibiam o mesmo padrão de atividade cerebral quando eram mostradas imagens leves. Mas, quando as cenas se tornavam mais assustadoras e violentas, a amígdala dos que tiveram privação do sono “surtou”, mostrando atividade 60% maior que em relação à resposta normal. Além disso, os pesquisadores observaram que entre os que ficaram sem dormir havia cinco vezes mais neurônios transmitindo impulsos no cérebro.
Walker descreveu a resposta emocional ampliada, quando se está cansado, como “profunda,” acrescentando: “nós nunca vimos uma diferença tão grande entre dois grupos em nossos estudos anteriores.”
A equipe também verificou os resultados da fMRI para determinar se qualquer outra região do cérebro tinha um padrão similar de atividade, o que indicaria que as regiões do cérebro estavam se comunicando. Nos participantes normais, a amígdala parecia estar interagindo com o córtex medial pré-frontal ─ uma camada externa do cérebro que ajuda a contextualizar experiências e emoções. Mas nos cérebros cansados, a amígdala parecia estar “reconectada” a uma área do cérebro chamada locus coeruleus, que secreta norepinefrina ─ um precursor do hormônio adrenalina que aciona reações do tipo atacar ou fugir.
“O córtex medial pré-frontal é um policial do cérebro emocional,” observa Walker. “Ele nos torna mais racionais. A conexão inibidora piora quando as pessoas sofrem privação de sono. A amígdala parece ser capaz de ser estimulada repentinamente. Pessoas nesse estado parecem exibir um comportamento emocional pendular, passando de aborrecidas ou irritadas a apáticas ou sonsas, momentaneamente.”
“Parece haver uma relação causal entre o sono afetado e algumas desordens e sintomatologias psiquiátricas que temos visto,” comenta Robert Stickgold, professor associado de psiquiatria na Harvard Medical School, não envolvido no estudo. Ele menciona pesquisas relacionando a apnéia do sono ─ em que a respiração é interrompida ─ com déficits de atenção, hiperatividade e evidências de conexão entre depressão e insônia como exemplos. “Pode ser que regiões mediais frontais enviem ao resto do cérebro comandos para relaxar, ele avalia, e aqueles circuitos extremamente cansados ou alterados pela falta de sono.”
A equipe de Walter agora, planeja examinar os efeitos da interrupção de certos tipos de sono, como o REM ou o de ondas lentas. “Eu acredito que podemos começar a pensar em uma nova função para nosso cérebro, ao dormir.” O sono, na verdade, prepara nosso cérebro para as interações sociais e emocionais do dia seguinte.

Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/falta_de_sono_pode_provocar_disturbios_psiquicos.html

Trabalhar de madrugada gera sintomas de diabetes e problema cardíaco

Glicose e insulina aumentadas, bem como pressão alta, afetam pacientes.
Razão parece ser o 'ajuste incorreto' do relógio biológico das pessoas.

Não dá para brincar com o relógio biológico. Por mais que as pessoas que trabalham de madrugada tentem dormir de dia, o horário alterado provavelmente vai causar problemas de saúde, com efeitos sobre o corpo que lembram o diabetes e doenças cardiovasculares. Essa é a conclusão de um quarteto de pesquisadores americanos num estudo publicado na edição desta semana da revista científica "PNAS".
Frank Scheer, da Divisão de Medicina do Sono do Brigham and Women's Hospital, junto com seus colegas, submeteu um grupo de voluntários (cinco mulheres e cinco homens) a dez "dias" de 28 horas -- um tipo de turno que quebra a semana em seis "dias" mais compridos que o normal. Isso levou essas pessoas a dormirem com uma diferença de 12 horas em relação aos seus horários normais.
O resultado foi o aparecimento de sintomas muito parecidos com os de pacientes diabéticos ou com problemas cardiovasculares, como aumento do açúcar no sangue, apesar do excesso de insulina para compensar isso, aumento da pressão arterial e dificuldades para dormir. Segundo os pesquisadores, a razão das mudanças é a alteração no relógio biológico natural do organismo, que é "ajustado" pela luz do dia em todas as pessoas, mesmo aquelas que trabalham nos turnos da noite.
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1024480-5603,00.html