quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Conheça a síndrome do desgaste profissional

Não são poucas as pessoas que sentem um calafrio percorrer a espinha quando se aproxima o fim da noite de domingo. Imediatamente, elas lembram que terão mais um dia de trabalho pela frente e já começam a sofrer, por antecedência, os efeitos disso. Nessa expectativa, muitos sequer conseguem dormir direito. Especialistas alertam que taquicardia, sudorese e irritação podem ser os primeiros sintomas da Síndrome de Burnout ou Síndrome do Desgaste Profissional.

Na gíria inglesa, burnout identifica os usuários de drogas que se deixaram consumir pelo vício. Ao pé da letra, a expressão significa "combustão completa" e descreve o estado de profundo desgaste profissional a que são acometidos trabalhadores muito dedicados, exigentes e com mania de perfeição. A lista de profissionais propensos a desenvolver o Burnout é extensa e inclui médicos, professores, controladores de tráfego aéreo e agentes penitenciários.

"Normalmente, o burnout ataca tanto jovens que acabaram de ingressar no mercado quanto profissionais mais experientes que atuam em uma mesma empresa há muitos anos. Os primeiros são dotados de grande idealismo, mas suas aspirações muitas vezes não coincidem com a realidade da empresa. Já os segundos sofrem por se sentirem saturados profissionalmente. Por mais que tentem, não conseguem mais dar tanto quanto gostariam", descreve a psicóloga Ana Maria Benevides-Pereira, autora do livro Burnout: Quando o Trabalho Ameaça o Bem-Estar do Trabalhador.

Os sintomas do Burnout são os mais variados possíveis e vão desde manifestações emocionais, como baixa auto-estima, perda de motivação e sentimento de fracasso, até alterações comportamentais, como queda no rendimento, comportamento paranóico ou agressivo e aumento no consumo de álcool, café e remédios.

Uma pesquisa do International Stress Management Association (ISMA), feita em 2002 entre profissionais de nove países, mostra o Brasil no segundo lugar do ranking dos trabalhadores estressados - perde apenas para o Japão. Cerca de 70% da população economicamente ativa sofrem de estresse ocupacional. Desses, 30% são vítimas do Burnout. Não por acaso, o Código Internacional de Doenças (CID) classifica a síndrome como acidente de trabalho.

"Na maioria das vezes, o portador de Burnout tem três caminhos a seguir: ou desiste do emprego e muda de profissão; ou não supera o problema e cai doente; ou, finalmente, enfrenta a situação de forma realista e ressurge das cinzas. Muitos têm dificuldade em delegar funções e acumulam tarefas que fatalmente deixarão de cumprir. É preciso que essas pessoas saibam que o cemitério está cheio de profissionais insubstituíveis", avisa a psiquiatra Alexandrina Meleiro, do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Médicos entre as vítimas

Por ironia da profissão, os médicos estão entre as maiores vítimas de Burnout. Dona de uma agenda repleta de compromissos e reuniões, a psiquiatra Cristina De Stefano acabou, ao fim de um ano, com uma inflamação na tireóide. Além das 14 horas diárias de trabalho, ainda precisava criar sozinha os filhos adolescentes e cuidar da mãe recém-operada. "Fiquei esperta e aprendi a cuidar mais de mim", ensina ela, que passou a praticar atividades físicas e a fazer trabalhos voluntários.

Na maioria dos casos, o tratamento é essencialmente psicoterápico. Remédios, para atenuar crises de ansiedade e depressão, só em último caso. "A Síndrome de Burnout não acontece subitamente. Por isso, as pessoas precisam estar atentas para evitar que o pior aconteça", alerta Ana Maria Rossi, presidente da ISMA no Brasil.

Desgaste físico e emocional

O termo Burnout foi criado pelo psiquiatra inglês Herbert Freundenberg em 1974, quando começou a observar o intenso desgaste físico e emocional dos profissionais que trabalhavam na recuperação de dependentes químicos. A inspiração partiu do título do romance A Burnt-Out Case (Um Caso Liquidado), de Graham Greene. Num trecho, o protagonista Querry diz: "Não me resta praticamente nenhum sentimento pelos seres humanos a não ser pena".

Nos anos 80, a psicóloga americana Christina Maslach realizou um estudo com profissionais da área médica, com o intuito de identificar o modo como lidam com o aspecto emocional do trabalho. Nele, identificou a "despersonalização" como um dos mais evidentes sintomas do Burnout. Em outras palavras: o profissional passa a ignorar chefes, colegas e clientes e a desenvolver características negativas, como cinismo e indiferença.

Prova de fogo para professores

Os médicos não são os únicos a sofrer as conseqüências da Síndrome de Burnout. Um estudo feito em outubro pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) revelou que 48% dos 52 mil professores de 1.440 escolas no País sofrem com algum sintoma da doença, como sensação de vazio, comportamento irritadiço e esgotamento nervoso. E mais: 25% deles - o equivalente a um em cada quatro - apresentam o quadro completo da doença.

"O desgaste diário do relacionamento com a turma é a principal causa de Burnout entre professores. Alguns alunos chegam em sala de aula trazendo problemas de casa. Outros fazem questão de demonstrar que não concordam com a nota baixa que tiraram. De um jeito ou de outro, todos descarregam seus ressentimentos em cima do professor", analisa Alexandrina Meleiro.

À primeira vista, a professora Júlia Almeida, 50 anos, não teria do que se queixar. Em vez de agüentar galalaus pirracentos e mal-humorados, ela dava aula para turmas do Jardim de Infância e da 4ª Série da rede municipal. Mesmo assim, ela começou a não saber o que fazer em sala de aula e, pior, a perder a paciência facilmente com os alunos. Tudo por causa, enumera, da baixa remuneração salarial, das péssimas condições de trabalho e do número excessivo de alunos por sala de aula.

"Mal chegava no colégio e a minha vontade era de sair correndo. Quando chegava em casa, caía no choro só de pensar no dia seguinte. Por mais que tentasse, não tinha motivação para planejar as aulas. A sensação era de impotência. O pior é que eu acabava descontando as minhas frustrações no meu marido", brinca ela.

O sofrimento de Júlia só teve fim em 2004, quando ela tomou coragem e pediu transferência de setor. Hoje, em vez de dar aulas, dirige duas creches: "Sempre me considerei uma boa profissional, do tipo que não gosta de faltar ao serviço. Mas, de uns tempos para cá, já não sentia a menor realização. Felizmente, consegui dar uma guinada na minha vida. Voltei a sentir prazer na profissão".

Afastar-se do trabalho é recomendado

Há cerca de oito anos, o psiquiatra Paulo Pavão está à frente do setor de Psiquiatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, que oferece assistência psiquiátrica aos funcionários da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Entre médicos, professores e outros profissionais de nível médio, como serventes e porteiros, o Pedro Ernesto atende a cerca de 150 servidores estaduais. "Já atendi uma professora que sofria de severa inapetência. Aos poucos, descobri que se tratava, na verdade, de Burnout em conseqüência do assédio moral de uma chefia arbitrária", lembra.

Pavão salienta que a primeira medida a ser tomada é afastar o profissional de seu ambiente de trabalho. A legislação permite, inclusive, que portadores de Burnout tenham direito a licença médica e, em casos considerados mais graves, até a aposentadoria por invalidez. "A melhora do paciente está condicionada à mudança de seu estilo de vida. Muitas vezes, recorremos ao serviço social com o intuito de transferir o profissional de setor ou até mesmo de unidade", pondera.

Fonte: O Dia Online






Fábricas da Peugeot registram sexto suicídio em seis meses

Desde o início do ano, seis operários do grupo automobilístico francês PSA (Peugeot-Citroen) se suicidaram. Segundo a agência Ansa, o último caso ocorreu na segunda-feira, quando um dos funcionários tirou a própria vida na fábrica de Mulhouse, na Alsácia, região nordeste da França.

O homem de 55 anos, pai de dois filhos e funcionário da empresa há 29 anos, não deixou nenhuma carta explicando os motivos do ato. Uma investigação foi aberta para o caso. O ministro francês do Trabalho, Xavier Bertrand, se disse "preocupado" e os sindicatos questionam sobre as condições de trabalho.

É o quinto operário que se suicida na fábrica de Mulhouse, enquanto o outro caso foi registrado na unidade da PSA de Charleville-Mezieres, em Ardenne, nordeste do país. Em uma carta, o funcionário indicou "as condições de trabalho e as fortes pressões" como as causas de sua morte.

Alguns dias atrás, em uma reunião do órgão interno de apoio psicológico da empresa, composto por um psiquiatra e um assistente social, que contou com a participação da direção e dos sindicatos, foi discutido um plano para prevenir o suicídio. Há duas semanas foi ativado um número de telefone para auxílio psicológico, disponível 24 horas por dia, que permite aos funcionários do grupo exprimir seus problemas.

"Se um trabalhador tem um problema, pessoal ou profissional, pode telefonar e falar com psicólogos de fora da empresa", explicou a direção da PSA Peugeot-Citroen, que disse estar "profundamente comovida e chocada".

"Hoje domina o individualismo obstinado. Cada funcionário está em competição com o outro. Está constantemente com os dirigentes respirando em seu pescoço, os quais estão por sua vez também sob pressão. Nas empresas, desapareceu qualquer forma de humanidade, e não existe nenhum espírito da família nem de amizade", disse Bruno Lemerle, do sindicato de direita CGT.

Mal-estar, senso de culpa e tensão são as principais denúncias dos sindicatos dos trabalhadores da empresa. Para eles, o problema "será resolvido pela base". Há alguns anos domina na empresa um "clima de incerteza", ligado às ameaças de deslocamento e ao desinteresse por atestado de doença, além da "concorrência entre os jovens engenheiros e os velhos técnicos".

Também na sede de Guyancourt da Renault, após três suicídios e uma tentativa, ocorridos nos últimos cinco meses, a direção decidiu lançar um amplo plano de reorganização dos serviços para tentar solucionar problemas ligados ao trabalho.

Após o terceiro suicídio ocorrido nos últimos seis meses na central nuclear de Chinon, o quarto em dois anos, o grupo Eletricidade da França (EDF) anunciou a criação de uma "comissão de escuta e compreensão" para seus empregados.

Fonte: Revista Proteção (www.protecao.com.br)




sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Casos de transtornos mentais variam de acordo com sexo, renda e escolaridade

Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) avaliou a prevalência dos transtornos mentais comuns - estados de estresse, ansiedade ou depressão que podem evoluir para uma doença psiquiátrica - em populações atendidas pelo Programa Saúde da Família.

O resultado é que 24,1% dos entrevistados apresentavam quadros compatíveis com transtornos mentais, uma proporção considerável, que é ainda maior nas mulheres, nas categorias de menor renda e de menor escolaridade. A pesquisa foi realizada na Vila Nova Cachoeirinha e na Vila Curuçá, na zona Norte e Leste da cidade de São Paulo, respectivamente, de acordo com indicadores como sexo, renda e escolaridade.

"O combate ao problema não depende só de uma ação em saúde, devendo ser intersetorial, envolvendo áreas como educação, cultura, trabalho e promoção social", explica o professor Reinaldo Gianini, que participou da pesquisa. A população deve ser informada sobre como enfrentar os transtornos, expondo e verbalizando o que sente. A construção de redes de apoio familiar e social também é importante, além de atividades físicas e culturais. Os que forem diagnosticados com transtornos mais graves devem ser encaminhados para tratamento adequado, pois, quando os sintomas deixam de ser transitórios indicam quadros neuróticos.

fonte: www.usp.br

Estresse, depressão e o intestino

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) afeta entre 15% e 20% da população ocidental e, nos Estados Unidos, é a segunda causa mais freqüente de falta ao trabalho, perdendo apenas para os estados gripais. No Brasil, estima-se que o problema afete mais de 1,5 milhão de pessoas sendo as mulheres as mais acometidas, em uma proporção de 59% de mulheres e de 41% dos homens, segundo o Professor Titular da Disciplina de Gastroenterologia da PUC de Campinas- SP, Prof. dr. Flávio Quilici.

O problema é considerado uma doença funcional, ou seja, não se encontram em exames laboratoriais evidências de alterações orgânicas, mas sim no funcionamento do intestino. Porém, o que muitas pessoas não sabem é que a SII tem características psicossomáticas e suas manifestações estão intimamente ligadas às emoções, principalmente em relação a intensidade dos sintomas da SII, os estados depressivos e as alterações do sono. “Muitos pacientes com frequência referem desencadeamento do quadro ou agravamento dos sintomas em períodos de estresse”, afirma o psiquiatra, dr. José Paulo Fiks.

Embora ainda não existam explicações causais que liguem a SII à depressão e ao estresse, os relatos de pacientes e a evolução da síndrome mostram que esta ligação tem influência no quadro da doença. Isto se deve à relação direta existente entre o cérebro e o sistema nervoso autônomo que controla a musculatura intestinal. Portanto, a redução do estresse, tais como as tensões profissionais, familiares e etc, tem impacto nos sintomas da Síndrome. “O estresse normalmente provoca alterações no sistema digestivo e, nas pessoas com SII, o intestino é mais sensível, causando alterações ainda maiores”, explica o psiquiatra.

Há trabalhos científicos que confirmam a relação da SII com alterações psicológicas. Por isso, hoje a doença é cada vez mais estudada como uma patologia que exige cuidado multidisciplinar. Para o dr. Fiks, os tratamentos isolados, em que são tratados somente os sintomas da SII, sem a abordagem dos aspectos psíquicos, podem prolongar e até mesmo agravar a doença, limitando assim a rotina de vida do paciente, levando à perda da qualidade de vida e possível agravamento de um transtorno mental associado. “Indivíduos podem adquirir hábitos restritivos na tentativa de prevenir os sintomas. Há os que sofrem de aumento do número de evacuações e tentam sair de casa munidos de material higiênico para emergências. Há os que se envergonham de lugares silenciosos, como reuniões, salas de espetáculos etc, por causa de sintomas como gases e movimentos intestinais”, comenta ele.

As equipes multidisciplinares, que incluem a psicologia, têm observado a associação simultânea de quadros psíquicos e SII. Os transtornos associados mais freqüentes são: fobia social, transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de ansiedade generalizada e depressão. Há estudos que chegam a 95% de concomitância entre a SII e algum distúrbio mental, mostrando a importância de novas diretrizes para os tratamentos.

É importante ressaltar que pela possibilidade de diferentes apresentações da SII cada paciente deve ser abordado de forma individualizada. Além disso, é de fundamental importância a relação médico-paciente, que tem como objetivo criar um vínculo positivo com o paciente, que servirá como base sólida na abordagem terapêutica. O médico deve se preocupar em escutar o paciente e fazer o diagnóstico via sinais, sintomas, exames físicos e laboratoriais. A investigação da SII pode causar frustração e desconfiança no paciente, pois resultados negativos em uma pesquisa laboratorial podem sugerir a alguns pacientes que uma doença potencialmente séria deixou de ser descoberta. Isso porque, apesar dos sintomas, não existem evidências orgânicas de relevância, nem laboratoriais. “Um dos primeiros passos é afastar o fantasma do câncer, que freqüentemente apavora os doentes. Outro passo importante é explicar o conceito de patologia funcional, pois a sociedade busca por respostas nos resultados de laboratório, o que não acontece com esta síndrome”, conclui dr. Fiks.

Sobre a Síndrome do Intestino Irritável - SII A Síndrome é uma doença intestinal benigna, caracterizada por um conjunto de sintomas digestivos, que pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum entre 30 e 50 anos e no sexo feminino. “Os sintomas mais freqüentes são dor e desconforto abdominal, diarréia e /ou prisão de ventre e a forma alternante”, explica o Prof. dr. Quilici.

A SII é classificada com uma doença funcional, pois, quando examinam o intestino, não encontram nenhum sinal de dano ou alteração em sua estrutura. Em relação à apresentação desses quadros a maioria, cerca de 70%, é de quadros leves. Porém, em alguns pacientes podemos encontrar formas mais graves da doença que podem alterar as atividades diárias, causando insegurança de ir ao trabalho, participar de reuniões sociais ou fazer uma viagem.

Fonte: RedePsi
http://www.redepsi.com.br/portal/


Sílica, fuligem e animais representam risco ocupacional para o câncer de laringe

Trabalhadores que lidam com sílica têm até duas vezes mais riscos de desenvolver o câncer de laringe (Foto: Associação de Segurança da Construção de Ontário/Canadá)

Uma pesquisa publicada na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz investigou fatores de risco ocupacionais para câncer de laringe. Os resultados mostraram uma maior incidência da doença nos indivíduos expostos no trabalho à sílica, à fuligem, a fumos e a animais vivos. Coordenado pelo médico Sergio Guerra Sartor, da Universidade de São Paulo (USP), o trabalho também confirmou que esse tipo de câncer está associado ao hábito de fumar e ao consumo de álcool. Indivíduos expostos no trabalho à sílica, à fuligem, a fumos e a animais vivos tiveram um risco cerca de duas vezes maior de desenvolver câncer de laringe – doença responsável por cerca de 73 mil mortes por ano no mundo. Os sintomas são alteração na qualidade da voz, dificuldade de engolir e sensação de “caroço” na garganta.
Sartor e sua equipe foram pioneiros ao investigar a relação entre a exposição ocupacional à fuligem e o câncer de laringe. Contudo, essa substância faz parte da história da medicina do trabalho e tem sido associada ao aparecimento de diferentes tipos de câncer, como de pele, pulmão, esôfago, fígado e leucemia. Já os indivíduos que trabalham com animais podem ter um risco maior de apresentar câncer de laringe porque ficam expostos a inseticidas, microorganismos e toxinas presentes nos locais de criação.
O estudo foi conduzido em seis hospitais do município de São Paulo. Participaram da pesquisa 18 mulheres e 104 homens diagnosticados com câncer de laringe (casos) e 187 indivíduos que não apresentavam a doença (controles). Entre os controles, 27% foram classificados como não fumantes, contra apenas 6% entre os casos. “Os tabagistas têm risco quadruplicado, quando comparados aos não tabagistas. Observa-se um risco crescente de câncer de laringe segundo o número de maços/ano”, diz o artigo. Para se ter uma idéia do que isso significa, indivíduos que fumaram mais do que 43 maços por ano tiveram um risco 7,5 vezes maior, quando comparados aos não fumantes.
Quanto ao uso de álcool, 87% dos casos relataram consumir bebida alcoólica pelo menos uma vez por mês, enquanto esse percentual foi de 71% entre os controles. Essa diferença entre os grupos significa que pessoas que consomem álcool têm um risco duas vezes maior de desenvolver câncer de laringe. A ingestão excessiva de álcool e o tabagismo são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer e, quando consumidos ao mesmo tempo por um indivíduo que já tem a doença, diminuem a probabilidade de cura e aumentam o risco de aparecimento de um segundo tumor.
Por outro lado, a pesquisa também constatou que uma maior escolaridade tem um efeito protetor contra o câncer de laringe. Ou seja: a doença é menos freqüente em indivíduos que freqüentaram a escola por mais anos – possivelmente porque essas pessoas têm mais informações e oportunidades para cultivar hábitos saudáveis, inclusive no trabalho.
Fonte: Site da Fiocruz - Autor: Igor Cruz




sábado, 4 de agosto de 2007

Estudo vincula pressão no trabalho à depressão

Trabalhos estressantes dobram os riscos de que o profissional passe a sofrer de depressão, dizem pesquisadores britânicos.

Um estudo envolvendo 1.000 participantes com 32 anos de idade revelou que 45% dos casos novos de depressão ou ansiedade apresentados no grupo estavam associados à alta pressão no trabalho.

Os pesquisadores definiram um trabalho estressante como aquele onde o profissional não tem controle sobre sua rotina, trabalha longas horas, com prazos não negociáveis e grande volume de trabalho.

O estudo, publicado na revista Psychological Medicine, sugere que o empregador precisa fazer mais para proteger a saúde mental dos trabalhadores.

A equipe do King's College, em Londres, trabalhando com pesquisadores da Dunedin Medical School da University of Otago, na Nova Zelândia, entrevistou homens e mulheres com 32 anos de idade que estão participando de um estudo de longo prazo, o Dunedin Study.Entre os entrevistados, 14% das mulheres e 10% dos homens que trabalham, sofreram uma primeira crise de depressão ou ansiedade aos 32 anos.

Os pesquisadores concluíram que desses novos casos, 45% estavam associados ao estresse no trabalho.

A coordenadora do estudo, Maria Melchior, epidemiologista do MRC Social, Genetic and Developmental Psychiatry Centre do King's College London, disse que a idade dos entrevistados é um ponto forte do estudo."Esta é uma idade em que os indivíduos estão se firmando em suas carreiras e há menor probabilidade de que optem por trabalhos menos estressantes, como fazem trabalhadores mais velhos."

O pesquisador da University of Otago Richie Poulton, co-autor do estudo, disse que jovens correm mais risco de sofrer de depressão e ansiedade. Richie sugere que é importante aliviar o estresse neste grupo, e aponta caminhos: "Estudos interventivos mostram que há pelo menos duas abordagens produtivas para se reduzir o estresse no trabalho", ele diz. "É possível ensinar as pessoas a lidar com situações estressantes por meio de aconselhamento psicológico ou você pode mudar o trabalho de forma a diminuir as pressões."

Os entrevistados tinham profissões diversas, entre elas a de ator, cirurgião, professor, piloto de helicóptero, lixeiro, jornalista e policial. Mas segundo o pesquisador Terrie Moffitt, do King's College, também envolvido no estudo, empregos onde as falhas são mais visíveis, como por exemplo o de um chefe de cozinha de um restaurante, estão entre os que mais exigem do indíviduo.

"No extremo oposto, pessoas que trabalham em casa cuidando de duas ou três crianças têm uma vida mais previsível", disse Moffitt.

Comentando o estudo, o especialista em psicologia e saúde Cary Cooper, da University of Lancaster, na Inglaterra, disse que empregos estão se tornando cada vez mais estressantes."

Temos de fazer as pessoas trabalharem com mais flexibilidade, tirando vantagem da tecnologia ao invés de deixá-las no escritório por longas horas".

"Também temos de fazer o gerente se comportar de um jeito diferente - gerenciar pelo elogio e recompensa ao invés da punição e entender que as pessoas precisam sentir que têm controle sobre seu trabalho".

Fonte: BBC Brasil - 02/08/2007 http://cienciaesaude.uol.com.br/ultnot/bbc/2007/08/02/ult4432u489.jhtm

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Estudo mostra a importância da comunicação nas passagens de turno


A segurança é uma preocupação primária de trabalhadores e organizações na maioria das situações de trabalho em turno, particularmente, nos setores nuclear, petroquímico e de transportes onde existe um alto risco para os trabalhadores, público e meio ambiente. Já foi constatado pelas exaustivas investigações dos grandes acidentes industriais das últimas décadas, como Three Mile Island, Chernobyl, Bhopal, Exxon Valdez, e no Brasil, pelo vazamento do duto na Baía da Guanabara, em 2001, que no momento dos acidentes os operadores não conseguiram, a partir das informações sobre a situação corrente, construir uma avaliação sobre o real estado das instalações nos momentos que antecederam estas ocorrências.

Durante uma troca de turno numa sala de controle de uma usina nuclear, buscamos investigar que linguagens e representações permitem que as equipes de operadores compartilhem informações a respeito dos eventos ocorridos no turno. O que foi feito na instalação, qual o estado do processo e quais operações precisam continuar?

Como os membros da equipe que entram de serviço não estão presentes quando os eventos ocorrem, existe a necessidade de que os significados sejam compartilhados por meio de narrações feitas pela equipe que sai do turno para a equipe que entra. Este estudo integra um conjunto de trabalhos sobre a Ergonomia e a operação das usinas nucleares brasileiras.

Dentre os poucos estudos sobre o assunto encontrados na literatura a respeito do compartilhamento de informações em passagens de turno, destacamos o efetuado por Grusenmeyer e Trognon (1997). Nestes estudos, as trocas verbais entre operadores durante as passagens de turno em usinas nucleares são analisadas. Eles mostraram que os dois conjuntos de operadores (que saem e que entram de serviço) constroem representações funcionais compartilhadas. Estas representações, no que concerne ao tipo e localização de falhas parecem ser do tipo circunstancial, orientadas pelos objetivos dos agentes, transitórias e construídas de forma cooperativa por meio de trocas verbais entre operadores.

Consideramos que as ações para lembrança ou recuperação de fatos ocorridos num turno anterior acontecem no contexto e durante a atividade de supervisão/controle de processos.
Autores: Paulo Victor Rodrigues de Carvalho, Isaac Luquetti dos Santos e Eduardo Ferro de Carvalho
Foto: Rogério Reis
Fonte: Revista Proteção – julho/2007